somos duas crianças

12/29/2011 12:30:00 AM

Esperei tanto tempo pra estar ali de novo com ele, perto dele, tanta coisa pra falar, pra dizer, pra contar, mas só de ficar deitado no colo dele já fico sem palavras. Ahh! aquele sorriso parece muito mais feliz e verdadeiro quando está comigo. Passei algum tempo procurando mas não tem ninguém que faça comigo o que ele faz, as mordidas, os arranhões, a maneira de se mexer perto de mim, o jeito de brincar com a minha boca, de me fazer carinho e também fomenta meus vícios. Tudo se completa com ele o bem e o mal, o que me mata e o que me nutre. Não, não era pro seu cheiro ficar extraordinariamente melhor quando misturado com o cheiro de cigarro, também não era pra eu fumar tanto, mas com ele, só com ele... goles, beijos e baseados depois, ainda temos fome um do outro, como se tivéssemos esperado 6 meses pra tomar uma droga que nos faz esquecer do mundo que nos rodeia, urros de alívio a cada toque que dávamos um no outro, como que saíssemos da abstinência. Todos ainda olham pra nós dois, talvez medo, talvez inveja, mas eu todo orgulhoso me mantenho do seu lado sorrindo, e te fazendo sorrir. 
Um cigarro acendido no fim de outro, e assim se foram maços e mais maços junto com um dia inteiro em cima da cama, ainda assim a droga que mais me afetava continuava sendo sua boca na minha. Dormimos e acordamos sem saber ao certo onde e quando estávamos, as palavras que trocávamos só serviam pra nos dar ainda mais certeza do tamanho da falta que um faz ao outro, palavras destiladas como vodka, das quais eu me entorpecia e tinha vontade de mais, sempre muito mais... 
Toda aquela pose de independência me deixava tão confuso com o que eu poderia falar ou não sem parecer infantil demais, sem parecer idealizador demais, mais de nada adiantou toda essa precaução, pois somos duas crianças com medo de serem rejeitadas, de serem enganadas e por isso ficamos receosos a dizer certas coisas, por mais verdadeiras que sejam. 
Mas de repente, não mais que de repente não estávamos mais um com o outro, me vi sozinho de novo. 
Ainda tinha muito tempo até meu ônibus partir, fiz a única coisa que poderia trazer pouco dele pra mim, comprei cigarro e fumei um após o outro, acedendo um no outro e apagando no meu braço esquerdo, não lembro da dor da queimadura, as lágrimas que caíram não foram de dor, foram de saudade e tristeza, que estavam guardadas há horas, dias e meses. amanheci em febre, fui ao médico, me disseram que era infecção e com alguns remédios ficaria bem. Não vejo dessa forma, não posso chamar de saudade, nesse caso chama-se crise de abstinência, sei que nenhum remédio do mundo me fará melhorar, talvez uns entorpecentes o façam sair da minha cabeça, de verdade, prefiro ficar assim e esquecer, prefiro olhar pro machucado do meu braço e faze-lo sangrar até que a dor da carne seja maior que a do buraco que ele deixou no meu coração.

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